Preste atenção, rapaz,
na história que vou contar,
Aconteceu já faz tempo
E eu não esqueço mais.
Numa fazenda de gado,
Lá em Minas Gerais,
Vivia uma moça bonita,
Filha do fazendeiro,
Um homem severo demais.
A moça um dia se engraçou
Com Tião, o capataz,
Que era um homem de cor,
Bom de laço e trabalhador.
O fazendeiro descobriu
E cismado ele ficou.
Jurou de morte o nego Tião,
Com preto a filha não casava não.
Ficou assim muitas noites,
Pensando em como matar o peão.
Até que teve a ideia
De formar uma comitiva
Pra levar gado a Goiás.
E no terceiro dia da viagem,
Quando um boi se desgarrou,
O Tião ele fez ir atrás
Pra buscar a laço
O boi que escapou.
Tião foi na disparada
Nem um minuto ele pensou,
Quando ele entrou no mato
Um tiro se escutou.
Era o jagunço na tocaia
Que nego Tião matou.
Hoje eu conto essa história
Pra mostrar que o preconceito
De raça ou de cor,
Nos faz fazer besteira
Porque do neguinho Tião,
O fazendeiro é avô.
E agora na cadeia
O velho passa solidão,
Ele não pode ver a filha
E o seu netinho Tião.
Pra terminar a conversa
Fica aqui uma lição,
O que interessa num homem
Não é a sua cor,
Basta que ele seja honesto,
Gente de bem e trabalhador.
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