segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Vida descartável

Houve um tempo em que nada era descartável,
Uma ferramenta, uma panela de barro,um garfo...
Tudo que se ia juntando era para ser guardado,
Até mesmo coisa aparentemente sem utilidade.

Houve um tempo em que guardávamos nossa história,
- Pessoas amadas, fotos de viagem e velhos diários -
Sem que nossos corações ficassem duros e cansados
Com tudo aquilo que hoje julgamos inutilidade.

Tempo em que um amor de infância, mesmo o não correspondido,
Teria um bom lugar cativo nas lembranças caducas e senis.

Um tempo em que uma carta querida ficava guardada nos livros,
Acompanhada de seca e vitalícia pétala de rosa,
Vivo marcador na última página lida e com lágrimas borrada.

Houve um tempo de cartas de amor, de muita saudade,
Em que a amada não podia ser deletada com um toque no mouse
E, depois, enterrada defunta em túmulos virtuais.

Houve um tempo em que o amor era verdade simples na simples realidade.

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