quarta-feira, 24 de abril de 2013

A tua janela é de pedra

Não sinto o menor desejo
De fazer parte das pedras
Dos azulejos e mármores da cidade
De estar concretado nas paredes
De ser tristeza pintado de cinza
Nasci como os fungos nascem
Grudado nas árvores
Vestido de nu
E enfeitado pelos lírios campestres
Nada em mim me faz pedra
Somente minha vontade imita pedra
Porque a minha janela é o horizonte todo
E de alto morro posso te ver
Por entre os espigões que beliscam o céu
E tenho de ti pena, muita pena
E choro tristemente calado
Porque tua janela é tão pequena
E lhe dá de presente pela manhã
Apenas o paredão do prédio ao lado.

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