sábado, 27 de abril de 2013

O último ato da bailarina

Estava transtornada e alta
Olhava para mim e gargalhava
No passo que ensaiava
Queria porque queria nova coreografia
Para seu grupo de dança imaginário

Lamentava-se depois de sua idade
(Era tão jovem, igual a mim,
Mas dizia-se velha para Tchaikovski)
As pernas que não obedeciam...

Não suportaria
A falta de aplausos pela cena
Pela desgraciosidade de bailarina
Sem equilíbrio firme:
Demi-plié... Arabesque

Parou, chorou e olhou a janela
Do prédio que se erguia alto
Um dia iria voar em graça e estilo
Como um dia voou e voou

Demi-plié... Sissone en avant...
Vazando o vazio, com o vento no rosto
Até dormir no perro chão 
Daquela penosa realidade 
Que não mais servia para seu cenário.



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