Dona Rosa chora saudade
Da filha que ganhou mundo
Está prenha? Não sabe
Está viva? Não sabe
O marido morreu de desgosto e cachaça
O mais velho está preso
Roubou, matou, fez o diabo
Dona Rosa chora,
Faz faxina em casa alheia
Limpa, lava, cozinha
Mas não consegue limpar a saudade
Rosa chora, não é mais dona
Não é mais nada
Além do choro que endurece
Rosa pensa em deixar o mundo
Mas quem há de limpar o mundo?
Rosa pensa sumir
Mas quem há de chorar sua saudade?
Rosa pensa em não pensar
Rosa pensa
Rosa pensa
E Rosa não sabe.
Rosa lava a roupa
Amanhã lavará outra vez
Rosa limpa a casa
Amanhã limpará outra vez
Rosa chora
Rosa chora
Amanhã, Rosa será outra vez
Pobre vida, pobre Rosa
Rosa só tem poesia no nome.
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