Anunciada pela sua tristeza
Espero a tempestade de Verão
Que virá nesta tarde
Em vento e desespero
Alentada aos poucos pelas lágrimas
De todas chuvas que pairam nas nuvens
O vento sopra e carrega
As folhas secas caídas
Na infinda rua
Na rua infinda, vida
O farfalhar do arrastar das folhas
Me dá nos nervos
Fra, fraaa, fr, frrr, fra..,
Seus soluços igualmente
Contidos, arrastados...
Aguardo a tempestade
E ela, criança, brinca
Com folhas caídas
Logo, o vento sopra
E uns pingos poucos
Molham-me o rosto
Num beijo de chegar
A tempestade é boa amante
No minuto seguinte
Ela me molha o corpo todo
Num beijo de ficar
Você fala, fala e fala
Trovões, raios, relâmpagos
Água desce, água escorre,
Enxurrada, vento, vendaval
Você chora
E eu calo, calo
A tempestade é boa amante
Sabe a hora de partir
Aos poucos, o silêncio
(Piano, pianíssimo)
silenciosamente se faz todo
O último pingo, miúdo,
Me cai sobre o nariz
E você toca-me a boca
Num beijo de ir
Mudo fico
Mudo suporto
Este mundo
Feito de tempestades
Passageiras
Que chegam
Amam
E partem
Arrastando folhas secas.
Um comentário:
O que faria-falaria-escolheria, se, menos impotente e não disposto a apenas suportar-mudo?
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