terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Perdoem-me as árvores


Enganei-me, boa amiga,
Tenho que reconhecer...
Há muita impotência nisso,
Sentimento de ter falhado,
De ter perdido tempo
Buscando alucinações.
De longe,
Era bela, sei disso,
Era paixão, sei disso,
Era o que não era
E, hoje, sei disso.
De perto,
Era vazia,
Superficial,
Tão sem sal.
Enganei-me, atenciosa amiga,
Investi no perdido,
Naquilo que não tinha solução,
Movido por tacanho desejo
E com grandes esperanças
De estar enganado.
Uma luta inglória, perdida,
Em que se comete crimes
De lesa-humanidade!
Imagina, minha amiga,
Por amor, cheguei a elogiar
Os sofríveis versos
Que ela dizia escrever,
Ruins e infantis.
Fui covarde no engano, amiga,
E condenei muitas árvores
Ao incentivar tanta mediocridade
Em pilhas de papel.
Enganar-me até podia,
Mas as árvores perdidas...
Para isso não há piedade.




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