Escuto a sinfonia da manhã
Estreitada pela minha janela.
Lá fora, um mundo de sons,
Cá dentro, o silêncio apenas.
Há um canário,
Há sabiás, cães...
Que vibram
Em natural escala.
Há ruídos de máquinas,
Há gritos de homens,
Que desafinam
O dia que acorda.
Assim se fazem essas manhãs,
Repetidas em si,
Com arranjos atonais,
Permeadas de acordes bárbaros,
Marcadas pela ausência de metro
E regidas pelo tédio dos séculos
A violar os silêncios.
Preciso tirar o homem
Da minha janela,
Suas máquinas e seus gritos,
Para afinar as minhas manhãs
Como uma sinfonia de Bach.
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