quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sinfonias matinais

Escuto a sinfonia da manhã
Estreitada pela minha janela.
Lá fora, um mundo de sons,
Cá dentro, o silêncio apenas.

Há um canário,
Há sabiás, cães...
Que vibram
Em natural escala.

Há ruídos de máquinas,
Há gritos de homens,
Que desafinam
O dia que acorda.

Assim se fazem essas manhãs,
Repetidas em si,
Com arranjos atonais,
Permeadas de acordes bárbaros,
Marcadas pela ausência de metro
E regidas pelo tédio dos séculos
A violar os silêncios.

Preciso tirar o homem
Da minha janela,
Suas máquinas e seus gritos,
Para afinar as minhas manhãs
Como uma sinfonia de Bach.

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