Na noite, estão de folga
Menos os anjos dos boêmios, dos bêbados
Daquelas mulheres no bar da esquina
Das crianças espertas e traquinas
Dos irresponsáveis, dos poetas
Dos inconformados, dos revolucionários
São anjos que trabalham em dobro
Porém felizes, com a vida cheia
Os anjos dos homens regrados são tristes
Na noite, caminham pelos telhados
Já sabendo do maçante dia seguinte
Sabem que não devem aparecer surpresas
Porque seus apadrinhados engravatados
São tão vazios, tão exatos, tão sem graça
Ser anjo assim não é prêmio, é castigo
Ao longe, um desses tristes querubins se distrai
E anda sobre os fios de alta tensão
Para sentir os perigos da vida
Mas é anjo, e a vida para ele é monotonia.
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Ilustração - Louis Janmot 1814-1892 - Museu de Arte de Nova Iorque
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