Minha amiga foi internada!
Veja que coisa de doidos:
As pessoas não são mais tristes,
Elas sempre estarão
Delicadamente deprimidas;
A melancolia é a novíssima
Mistura de melão com melancia
E o pânico é um medo
Que apareceu ontem
Determinado pela
Organização Mundial de Saúde.
Veja que paraneia:
Os terrores dos homens
A cada dia têm novos nomes
E novíssimos remédios
Determinados por terapeutas
Tão louquinhos
Quanto os desvairados que tratam;
Os laboratórios multinacionais
Gostam deste novo mercado
- Loucura dá muitos trocados! -
Imaginem, ser atacado
Por distúrbios antigos
- Doença boa é doença nova! -
Minha amiga sofria de tristeza!
Louco! Estúpido poeta:
Doideira é coisa de antanho,
O correto, até mesmo na loucura,
É tratar a doidinha, a estúrdia,
Por desajustada social
(Ou, a levemente aluada que da Lua se serve);
Justa é a sociedade
Que nos determina os ajustes
Do que nunca foi justo,
Do que nunca se ajustou
À justiça dos que vivem a acromania
Dessa insana realidade;
Saudável é a sociedade que determina
O injusto código dos manicômios,
Dos hospitais de alienados
E de nossos códices legais.
A dona de minha afeição não quer ganhar na loteria,
Ela quer, na sua suave e sã loucura,
Livre da camisa de força, ser dona da Bayer.
Telúrica, minha amiga conta histórias para os homens selenitas. (Apenas faz estágio na demência!). Conversa com seres pequenos e verdes porque, no ano que vem, vai interromper consultas médicas para vender pílulas de felicidade. Não conte isso para ninguém - a insensatez sensata dessa minha estimada não pode ser compartilhada!
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