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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
As sobras do banquete
De ordinário, os poderosos não gostam dos poetas.
Nós somos perigosos a adivinhar seus desejos escusos.
Por essa razão preferem-nos presos, talvez defuntos.
Obtusos, não sabem que as tumbas nos retumbam.
Só há um tipo de poeta que os poderosos adoram,
O poeta menor, o poeta vendido, o poeta lambe-botas.
Aquele que se bota preço para louvar grandes nulidades,
Aquele que vê no mecenato uma obrigação do Estado.
O poder veste-se com a vaidade de fingida virtude
E dá cores celestes a tudo que não vale ou presta,
Cores que se emprestam falsas à lira dos graxistas.
E assim segue este velho mundo, bambaleando, girando...
Com os poderosos de vaidades se empanturrando
E os maus poetas no chão, ao redor da mesa, ciscando!
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Um comentário:
bonito Nandé, bonito! E como tem quem cisca...
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