Quase nunca vou a velórios,
Prefiro entristecer-me só,
Sem a companhia do morto.
E, depois, o morto é sem graça,
Não chora com a gente,
Não ri dos presentes,
Não reclama das coroas de flores.
Não nos fala dos segredos,
Aquilo que ele leva mudo
E que morreu com ele.
Basta morrer para se tornar
Um chato de verdade.
Um dia, o Messias me ligou,
Estava muito doente.
Aflito, queria falar comigo:
"Coisa importante!".
Antes do encontro,
Marcado para o dia
Seguinte, o Messias morre.
O que queria o Messias?
Não sei, ninguém sabe.
Morreu deixando-me
A curiosidade.
Quer coisa mais chata
Do que isso?
Mas eis aqui uma verdade:
O verdadeiro segredo,
Aquele que merece esse nome,
- SE-GRE-DO -
É bagagem do morto
E somente dele.
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