Amigo, estou indo, me vou...
Vou com a mula Cambaia...
Sei que são muitas léguas,
Mas vou no passo curto,
Antes que a noite caia.
Vou para a feira, amigo,
Vou à feira de Caruaru,
Vou ver boneco de Vitalino,
Vou dançar xote de Gonzaga...
E adepois, depois, amigo,
Tenho saudades de Severina
Deitada na rede de saia
Tomando vento safado
No calor que dela se espalha...
Eh, Severina me espera,
Mulher feita de fibra,
De carinho sem descanso.
Eh, vida severa!...
Eh, Severina, xodó danado!...
Durante sete dias
Trança-me as sandálias
De couro cru e corado
Pelo suor de suas pernas,
No sal de suas lágrimas.
Sei que sou vira-mundo
E ando pelos caminhos
Que a tudo gasta e maltrata.
Mas, Severina, fica triste não,
Todo ano volto, fica triste não!
Severina, todo ano eu volto
No lombo da Cambaia,
Pro seu quente colo,
Pra buscar novas sandálias.
Severina, fica triste não!
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