sábado, 18 de dezembro de 2010

Onde os adeuses naufragam


À Natália Núñez
Olhas para o mar
Porque há sempre
Uma esperança
A navegar
No clarão dos teus olhos,
Relâmpago
Das tempestades.

Olhas para o mar
E a ele jogas
Vontades do coração
Que, em vão,
Saltam as ondas
E depois
Batem nas pedras,
Afogam-se
Nos vagalhões,
Em impiedades...

Olhas para
O desconhecido
Ondulante
E te acalmas
Ao repousares
Teus olhos
No horizonte
Curvo
Como tuas costas
Que carregam
O mundo.

Para lá seguiram
Os adeuses
Compridos,
Alongados
De infinito a infinito,
Perpétuos,
A se repetirem,
A se repetirem...

Lá, onde o céu
Encontra o mar,
Naufragaram
Os últimos barcos
Que deixaram
Expostas
Suas rasgadas velas
E as lusitanas
Cruzes
Em que Vasco
Crucificou
Todas as saudades.

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