sábado, 25 de dezembro de 2010

A gaivota

Tão rara quanto inverosímil,
Ela deslizou pelo meu deserto,
Mancha branca no limpo céu,
Aquela só e solitária gaivota.

Vinha do mar? Não sei. Da praia?
Não sei. Distante era o oceano.
Depois, inútil seria explicar o voo
De tão exótico pássaro marítimo,
Intoxicado que ia de contentamento.

A gaivota descreveu círculos no céu,
Voou baixo para admiração e beleza
E no final da tarde, com o sol fresco,
Foi-se e ganhou as sombras da noite.

Nunca mais a vi em milhares de tardes,
Passou ali por um único dia apenas,
A contrariar todas as lógicas esperadas,
Para dizer a mim que a surpresa,
Por ser surpresa, jamais se repete.

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