domingo, 5 de dezembro de 2010

Bom-dia, capim!

Tenho medo de perder a razão,
Andar por aí a dar bons-dias
Às árvores e às moitas de capim.
Mas, meu Deus, e se já estiver louco,
Irremediavelmente insano?
E se o verdadeiramente sensato
For saudar a árvore e o capim?

Sim, olho ao redor e vejo risos soltos,
Riem de mim, por certo,
Porque reservo o meu bom-dia
Para o Belizário, o barbeiro,
Para o Pedro, motorista do ônibus,
Para os colegas de repartição.

Sim, ouço risos de piedade,
Risos de comiseração.
Falam de mim pelas costas:
"Lá vai o doido, o doidinho sim,
Que ignora as árvores,
Que não dá bom-dia ao capim".

Um comentário:

Vera Nilce disse...

tem quem prefira dar bom dia às arvores e ao animais que às pessoas... neste caso prefiro falar com meus botões. Legal, como sempre, seu poema