quinta-feira, 11 de julho de 2013

No peito tenho um bem-te-vi

Nasci forro como o bem-te-vi
Que vagueia pelas flores todas
Vou com o vento, vou pelos aromas
Busco o melhor perfume, a doce seiva
Para trazê-los aos meus poemas
Como um rito de santificação
Como um culto ao belo da vida

Nasci poeta também
Desses que carecem de versos alforriados
Porque não entende outra poesia
Que assim não seja, companheira
Em andanças e atrevimento
Em liberdade e avoanças

E do que me vale buscar seivas sintéticas
Para a fortaleza da natural poesia
Que em simplicidade sempre nos deu
Esta natureza toda, o amor todo
Espalhados no vento a esperar colheita?

E benditos me sejam esses versos livres
Que não se prendem a formulações teóricas
Porque do que adianta voar com rota prevista
De pára-quedas e sempre para o mesmo horizonte?
Versos carecem da ousadia da morte quase certa.


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