Oh! Santo Deus das alturas,
Minha reza quero mostrar
E ao Senhor desejo louvar.
Cantai aos céus a criatura,
Pecador e penitente:
Que a memória não me falte,
Salve-me Deus nas alturas!
Agora que estou bento,
Com meu Deus reconciliado,
Deixo a conversa de lado
E sem arrependimento
Devo ir trovando agora
O mal deste mundo afora,
Amargura e sofrimento.
Era moça donzela e bela,
Nascida em berço dourado,
Mas quis o cão amaldiçoado
Desgraçar com Isabela,
O anjo na terra sem asa
Que dorme hoje na capela.
Aconteceu no alvoroço,
Na época do imperador,
Em que negro tinha feitor.
Era num domingo, seu moço,
E apareceu lá no lago,
Da Fazenda dos Forcados,
Um pau-mandado e jagunço.
Isabela ali se banhava,
Pura, não tinha maldade.
Ela não sabia da verdade
Que o destino guardava:
Da moita pulou o jagunço,
Apertou-a pelo pescoço
Até que, morta, não gritava.
Depois de vê-la ali caída,
O jagunço se apavorou.
Dizem até que se enforcou,
Pois do remorso não há saída.
E hoje o povo vai à capela
E reza à Santa Isabela,
A virgem que perdeu a vida.
Oh! Santo Deus das alturas,
Oh! Meu Cristo, Senhor e Rei,
Minha história já contei;
Cantai aos céus a criatura,
Pecador e penitente:
Que a memória não me falte,
Salve-me Deus nas alturas!
Um comentário:
Leio e aprecio todos os seus blogs, Nandé. Mas esse, é o meu favorito!
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