domingo, 14 de dezembro de 2008

Distante

Há tanta distância entre nós...

Não. Não são os espaços,
Os mares, os caminhos...
Digo do tempo que nos distancia,
Do tempo que nos esqueceu.

Nada sobrou de nossos risos,
Nada além de um eco
Numa manhã de Domingo,
Tão longe no tempo,
Que o próprio tempo,
Que gosta de cores desbotadas,
Não ousa misturar a luz e o brilho
Daquilo que nos fez em felicidade...

Daquelas manhãs em que suas mãos
Finas, brancas e em concha,
Dormiam e pediam o sono dos anjos...

(Lamentava-me nessas horas ao ver
Suas pálpebras fechadas,
Cercadas por negros cílios,
Negando-me o azul roubado aos céus.)

Foram-se esses dias,
Foram-se os risos...
E hoje, meus olhos
Fixam-se num ponto constante
E, em miragem,
Dão-me seus olhos
Que o tempo traz de tão distante.

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