Chove. Trovejou a noite toda.
É manhã. O céu é sem graça
E os olhos da desgraça
Avizinham-se, rondam-me.
É Fevereiro
Anúncio de Março,
Vermelho inferno
No céu feito de mormaço.
Canto e Vozes. Ouço um canto,
Soprado da igreja ao lado.
É um desses cantos antigos,
longos, medievais,
Anuncia: "O Paraíso é infinito
E os homens são mortais".
Caio em mim,
Ou antes, tropeço
E um anjo Serafim
Sopra-me aos ouvidos:
"Dezenove dias de Fevereiro,
Cinqüenta após Janeiro,
Sem respostas, sem cartas,
Ou um sinal de fumaça, talvez",
Choveu e nos meus olhos
Nem parece que tanta água desceu.
2 comentários:
Que verão triste...
Faz parte de uma série de estações!
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