O que dizem os acordes do violão distante
A não ser a solidão plena em Ré menor?
Grande é a distância entre o som vibrado
E aquele que nunca sairá da garganta
Venha senhora dos pensamentos meus
E diga-me o que vai em sua alma
Mostre-me tudo o que você não vai me falar
Nesta noite de abismos ao invés
Nas estrelas medidos e perdidos
Em mil sons, notas longas, decibéis
Conte-me o que você jamais ousaria
Faça um gesto com sua voz muda e conte-me
Do luar que desapareceu, das terras
Outras eras, outros mundos seus e só seus
Caminhe por todo o meu corpo
E aqueça este peito frio que lhe chama
Arda-me em seus pés, no seu seio
E afague todas estas lembranças, chamas
Quero um poema mudo, um violão calado
Um segredo guardado e uma nota nua
Quero ouvir o que você fala e eu não escuto
Quero um sussurro em seu suspiro guardado
Sonhos sôfregos sofridos sorrateiramente soltos
Busquem os segredos desta mulher que me assombra.
3 comentários:
Gostei muito desse poema. A mim, pareceu a busca de um síntese, porém com uma certa descrença em alcançá-la.
Este poema pertence ao meu primeiro livro, foi escrito no final da adolescência. Quisera fosse síntese, mas tornou-se sina. E desde então venho tentando ouvir a senhora dos pensamentos meus!
Depois que Mefistófeles falou conosco, não há como voltar a "arar o campo"...
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