domingo, 2 de janeiro de 2011

O desconhecido que ria

Para nós, ele era um tonto,
Ria de tudo, até de enterro.
Andava com um paletó puído,
Toscos sapatos furados
E amarados com barbante.
A péssima figura desmangolada,
Ao final da tarde, lia no jornal
A parte dedicada aos mortos.
Assim, espalhado no banco da praça,
Ria, e do que ria ninguém sabia.
Como tinha algum recurso,
Pensávamos que era aposentado
Por demência ou coisa que a valha.
Um dia não mais apareceu
E desde então, ao ler o jornal,
Sentado na mesma praça,
Rio muito, na gargalhada satisfeito,
Ao ver a lista dos ricos poderosos
Que do mundo levam paletó novo
De boa madeira e de flores repleto.

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