domingo, 9 de janeiro de 2011

Oração do beberrão devoto

Ó Senhor dos manguaçados,
Que nunca me faltem
O limão, o açúcar
E a divina cachaça.
Fazei que ao andar
Por este vale de lágrimas,
Mesmo que me plena escuridão,
Ou no vale da morte por atropelamento,
Eu encontre um bar aberto
Com bebida barata
E mulheres dispostas.
Dai-me as boas marcas
E livrai-me do uísque falsificado.
Dai-me garçons atenciosos
E donos de bares que me
Ofereçam bom crédito
Na doce ilusão e promessa
Do pagamento no dia
Santificado a São Nunca.
Dai também boa educação
Ao padre Nicolau,
Que toma vinho sozinho
Sem oferecê-lo aos fiéis
Que vão à missa
À espera da saideira
Ou caideira matinal.
Piedade, ó Senhor,
Aos que bebem,
Aos egoístas que bebem escondidos,
Aos hipócritas que pecam e nos criticam,
Aos humildes que não têm o que beber,
Aos soberbos que bebem e desperdiçam,
E aos que não bebem também,
Porque para todos
Só há um destino,
Um caminho que só o Senhor sabe,
Que não se revela em hora e dia
Para o pobre ou rico,
Para o sábio ou tolo,
Manguaçado ou sóbrio,
Ou seja, para ninguém!

Amém

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