sexta-feira, 1 de julho de 2011

A poesia do velho quintal


Não sei se é uma dádiva dos céus
Ou a mais terrível sacanagem
Que se pode fazer com um ser humano
- Às vezes nem tão humano assim -
Nasci poeta e fazia poesia
Sem nunca ter lido poesia
Em casa não tinha livros de poesia
Aliás, em casa não havia poesia alguma!
Eu é que tinha que arrumar poesia
Cavar no quintal para desenterrar poesia

A primeira poesia que conheci veio da música
Do velho rádio teimosamente ligado
Poesia quase sempre ruim, porém poesia
Havia também no meu quintal um bode
Um porquinho e alguns cães
Dois pés de manga e um de mamão
Também tinha uma bananeira
E uma rua infinita que me convidava

Um dia cansei dessas poesias de quintal
E ganhei mundo pela rua infinita
Para fazer dos infinitos poesia.
Hoje sou além do meu quintal e da minha rua
Mas não consegui fugir de mim e da poesia
Segredo: nós dois viramos a mesma coisa!

6 comentários:

Ana Coeli Ribeiro disse...

"Cavar no quintal para desenterrar poesia" Foste buscar na terra e na vida simples tua poesia. Certamente por isso é tão bela!
Luz
ana

Prof. José Fernando disse...

Tivesse nascido aí, certamente estaria fazendo cordel, ou cantando na feira! O que não seria nada ruim!

Ana Coeli Ribeiro disse...

Certamente! mas siceramente, prefiro seu estilo, acho bonito e diferente.
LUZ
Ana

Ana Coeli Ribeiro disse...

Bom Dia amigo!Vim aqui para te dizer algo que ficou em minha mente, bem, eu acho que se vc estivesse nacido aqui, escreveria da mesma maneira que escreve hoje.
Luz neste Sábado1
Ana

Prof. José Fernando disse...

Talvez tenhas razão, mas certamente teria temas mais interessantes e uma riqueza de cultura que o Sul padece. Gostaria de falar do jumento que passa pelos espinhos e não escolhe caminho e outra coisas que dão sentimento ao falado. Mas aqui, tenho que falar do homem de terno e gravata, do carro, da terra que tudo dá neste falso paraíso!

Ana Coeli Ribeiro disse...

Nisso você tem razão, senti isso quando viajei para o sul,me pareceu que faltava alma nas pessoas e coisas,como se nada tivesse raiz nem terra, era tudo tão vazio e frio, daí já estava louca para voltar. Me senti grata por ter nascido aqui. Veja bem, não gosto de dizer que onde moro é o melhor lugar do mundo, sei que não é mas tem algo de aconchego de verdadeiro e cheiro de terra.
Nossa! fiz quase uma carta...
luz
ana