quarta-feira, 13 de julho de 2011

Quando te aborreço

Sei quando estás aborrecida comigo.
Hoje nem encostaste no piano,
Somente leste as partituras
A andar pelo jardim.

Andas de lá pra cá
E cantarolas uma melodia
Feita de suspiros profundos.

Não sei exatamente o que te aborrece,
Deixei meus escritos sobre a mesa
E talvez tu viste ali outra mulher.

Mas, como explicar isso novamente a ti,
Como dizer que a arte não escolhe tema
E que a poesia foi feita para louvar
O que aos olhos se desmancha em poemas?

Não hei de me censurar,
Deixar de falar do que bem quero,
Mesmo que isso te aflijas.
Pois bem sei que tu tens alma de artista
E haverás de perdoar a minha arte
Sempre no início da noite
Quando me abraças e sorris.

4 comentários:

Ana Coeli Ribeiro disse...

" E que a poesia foi feita para louvar..."
Egraçado que hoje pela manhã estava lendo...

O poeta é um fingido
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente

E os que lêem o que escreve
Na dor lida sentem bem
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razaõ
Esse comboio de corda
Que se chama o coração

Fernando Pessoa

Essa só podia ser para você..
Luz
Ana

Prof. José Fernando disse...

Realmente, Pessoa, a quem considero um dos maiores poetas da língua portuguesa, tinha razão. O poeta é um fingidor.
Mas, se fingimos em poesia, não conseguimos fingir no dia-a-dia. A alma do poeta é uma janela sempre aberta. Todo mundo que passa na rua da leitura consegue ver o que há lá dentro!

Ana Coeli Ribeiro disse...

Verdade, o poeta fala do que leva em sua alma, pode ser fingimento para os outros, mas não para ele mesmo."Todo mundo que passa na rua da ..." É você me responde com outra poesia!
Luz
ana

OceanoAzul.Sonhos disse...

A poesia, não há dúvida, é linguagem universal.
Muito bom!
abraço
oa.s